Glaucoma é um nome dado a um grupo amplo e diverso de doenças que acomete o nervo óptico.
Pode estar ou não associado ao aumento da pressão intraocular.
Existem diversos tipos de glaucoma:
– Glaucoma congênito: acomete bebês e tem um quadro clínico completamente diferente. Por ser um tema muito específico e não ser objetivo deste texto, vou relembrar aqui apenas a importância do Teste do Olhinho nos primeiros 30 dias de vida da criança, para triagem de doenças oculares que, apesar de raras, são graves e podem acometer os pequenos.
– Glaucoma Crônico de Ângulo Aberto – bastante comum em nosso meio. Cursa com aumento da pressão intraocular e é assintomático nas fases iniciais e intermediárias.
– Glaucoma de Pressão Normal – também bastante comum, e da mesma forma, não costuma apresentar sintomas. A pressão intraocular geralmente está normal.
– Glaucoma Agudo (Glaucoma de Ângulo Estreito) – Ele e suas variantes podem se apresentar com um aumento súbito e intenso da pressão intraocular, geralmente em um dos olhos. A dor é lancinante, muitas vezes descrita como a pior dor que o paciente já sentiu na vida. Pode ser acompanhado de náusea, vômitos e embaçamento visual intenso ou cegueira súbita no olho acometido.
– Existem diversos outros tipos, como o Glaucoma Pigmentar, Glaucoma Pseudoesfoliativo, Glaucoma Neovascular, Glaucoma Infantil, Glaucoma Juvenil etc.
O tema é muito amplo e diverso. Neste texto vamos conversar de um modo mais geral, sempre tentando focar nas formas prevalentes. Nos casos mais comuns a doença se desenvolve de forma lenta e silenciosa, são meses e até anos sem demonstrar nenhum sintoma.
Os principais fatores de risco são:
– Idade acima de 40 anos;
– Diabetes melitus;
– Alta miopia;
– Histórico de traumatismos oculares pregressos;
– Histórico de doenças inflamatórias intraoculares prévias, como uveítes;
– Relato de glaucoma em familiares próximos;
– Determinadas etnias também podem ter predisposição aumentada a determinados tipos de glaucoma.
Por ser uma moléstia muito frequente em nosso meio, e quase sempre assintomática nas fases iniciais, é muito importante a avaliação frequente com o oftalmologista, principalmente para todos aqueles com os fatores de risco já citados acima. Exames como a Tonometria (medida da pressão dos olhos) e a Fundoscopia (exame de fundo de olho, analisando o nervo óptico) são essenciais, e devem ser realizados rotineiramente.
Em caso de alterações, exames adicionais podem ser solicitados, como por exemplo:
– Gonioscopia (uma lente especial é utilizada para visualizar as estruturas do Ângulo Iridocorneano e Malha Trabecular. Exame muito importante para definir qual tipo de glaucoma o paciente tem e que tipos de tratamentos devem ser utilizados no caso).
– Retinografia – É uma fotografia do nervo óptico. Muito importante para análise da camada de fibras nervosas e para acompanhamento da progressão do glaucoma ao longo dos anos.
– Campimetria Computadorizada – Importante para avaliação funcional do glaucoma e análise de sua progressão ao longo do tempo. Esse exame demanda atenção e concentração por parte do paciente que precisa apertar um botão toda vez que visualiza um estímulo luminoso.
– Paquimetria – É um exame rápido e fácil de ser realizado. Mensura a espessura das córneas, possibilitando ao médico informações mais acuradas sobre a pressão intraocular corrigida. Hoje também sabemos que olhos com córneas mais finas podem ser mais predispostos a glaucoma.
– Tomografia de Coerência Óptica – Um exame complementar que tem sido cada vez mais utilizado. Faz uma análise computadorizada do nervo óptico, escavação, camada de fibras nervosas e camada de células ganglionares. São medidas bastante precisas e que são comparadas com um grande banco de dados. Pode ser importante para avaliar quadros duvidosos e para avaliar progressão, principalmente em casos iniciais e moderados de glaucoma.
Tratamento
É uma doença crônica e não tem cura. Pode levar a quadros de cegueira irreversível. Mas, com tratamento, pode ser controlada na maioria dos casos.
Como se trata de um amplo espectro de doenças sob um mesmo nome, o tratamento pode variar de caso a caso. Desta forma tudo isto deve ser discutido de modo individualizado com o oftalmologista.
De um modo geral, existem algumas vertentes de tratamento que podem ser utilizadas isoladamente ou de modo combinado:
– Tratamento medicamentoso: Geralmente é a primeira escolha. São utilizadas medicações tópicas sob a forma de colírios. Seu objetivo é reduzir a pressão intraocular. Atualmente contamos com um amplo arsenal terapêutico, cada vez mais efetivo.
– Tratamento com Laser: Podem ser utilizados eventualmente, para complementar o tratamento medicamentoso, ou até para substituí-lo em caso de a pressão alvo não ter sido atingida. Pacientes pouco aderentes ao tratamento medicamentoso também podem ser bons candidatos. Também é usado em casos de risco de Glaucoma agudo. Existem diversos tipos de tratamento com laser.
– Tratamento cirúrgico – Geralmente são utilizados em caso de falência nos tratamentos anteriores. Seu objetivo não é melhorar a visão, mas sim evitar que o paciente perca o que ainda resta. O pós-operatório pode ser difícil e trabalhoso.
As cirurgias mais utilizadas são a Trabeculectomia e os Implantes de Drenagem.
Com o advento dos MIGS, uma técnica minimamente invasiva, novas possibilidades surgiram, como menos efeitos colaterais.