O que é retina?
A retina é uma finíssima camada de tecido sensível à luz, localizada no fundo do olho. É formada por milhões de células fotorreceptoras que captam, registram, decodificam ondas luminosas e, por meio do nervo óptico, as enviam ao cérebro, onde é processada a visão.
É um dos tecidos mais delicados e importantes para o funcionamento correto do processo visual.
Duas doenças bastante comuns da retina, que podem alcançar níveis severos de gravidade, levando à cegueira irreversível em estágios avançados, são a Retinopatia Diabética e a Degeneração Macular Relacionada à idade.
RETINOPATIA DIABÉTICA
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 150 milhões de pessoas possuem Diabetes, número que pode duplicar nos próximos anos.
O Diabetes é a causa mais frequente de cegueira entre a população ativa nos países industrializados, correspondendo a 30% dos cegos.
Alterações oculares que podem levar à cegueira nesta doença: Retinopatia Diabética (70%), Catarata, Glaucoma e Neuro-oftalmopatia.
A Retinopatia Diabética ocorre em praticamente todos os pacientes com Diabetes Tipo I e em mais de 60% nos que possuem Diabetes Tipo II. Ela é causada por alterações estruturais nos pequenos vasos sanguíneos da retina, que podem acarretar desde hemorragias vítreas, causando súbita perda visual, até crônica exudação (vasamento) de líquido dos vasos, gerando edema (inchaço) da retina central, com perda gradual da quantidade e qualidade da visão. Em casos avançados, vasos sanguíneos anômalos com crescimento desordenado podem ainda tracionar e descolar a retina.
O cuidado do doente necessita de um suporte multiprofissional:
– Controle clínico da doença com o clínico geral ou endocrinologista;
– Dieta e Reeducação alimentar – acompanhamento com nutricionista;
– Atividade física;
– Avaliações frequentes com o oftalmologista, com foco no exame da retina;
Eventualmente outros profissionais podem ser necessários, a depender das especificidades de cada paciente.
DEGENERAÇÃO MACULAR RELACIONADA À IDADE
A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é a principal causa de cegueira nos países ocidentais em faixas etárias superiores a 50 anos.
Estima-se que acometa em algum grau cerca de 30% dos indivíduos com idades iguais ou superiores a 75 anos, nos Estados Unidos.
Além da idade avançada, outros importantes fatores de risco são: raça branca, íris clara, exposição elevada a raios solares, tabagismo, obesidade e hipertensão arterial.
Existem basicamente duas formas da doença:
A forma Seca, que corresponde a 90% dos casos, e apenas 20% dos casos de cegueira. Nesta forma da doença vemos geralmente as drusas, que são depósitos de restos metabólicos sob a retina e áreas de atrofia na região central.
Já a forma Exudativa corresponde a apenas 10% dos casos totais, porém, 80% daqueles que levam à cegueira. Trata-se do desenvolvimento anômalo de vasos sanguíneos abaixo da retina. Esses vasos extravasam líquido que altera toda a anatomia e funcionamento retiniano.
DIAGNÓSTICO
Em ambas as doenças o diagnóstico é realizado após uma avaliação detalhada da retina. Exames como a Fundoscopia e Mapeamento de Retina são importantes. Quadros mais avançados ou duvidosos podem necessitar de avaliação complementar, com Retinografia (uma fotografia da retina); Angiofluoresceínografia (fotos seriadas executadas com um filtro especial, após injeção de contraste em uma veia do braço do paciente) e OCT (uma espécie de tomografia das camadas da retina, que informa sua espessura e formato).
Novos exames estão surgindo, como o OCT-A (também conhecido como Angio – OCT) e certamente devem ganhar espaço nos próximos anos, principalmente devido ao seu caráter não invasivo e à alta resolução de imagens.
TRATAMENTOS
Na Retinopatia Diabética os pacientes com quadros iniciais são orientados apenas a fazer o controle clínico adequado da doença de base e dos níveis de glicose. O acompanhamento oftalmológico periódico também é importante. Já casos mais avançados podem necessitar de Fotocoagulação a Laser, Injeções intravítreas de medicações como corticoides e antiangiogênicos, e eventualmente, cirurgias vitreoretinianas.
Na Degeneração Macular casos iniciais da forma seca são apenas acompanhados semestralmente. O paciente é orientado a evitar certos fatores de risco, como o cigarro. Em algumas situações podemos prescrever complexos vitamínicos com fórmulas específicas que, segundo estudos, podem atrasar a evolução da doença.
Formas avançadas da forma seca não possuem tratamento.
Já na forma exudativa da doença, apesar da gravidade e da ausência de cura definitiva, há possibilidade de se utilizar terapias como a Fotocoagulação a Laser e a Terapia Fotodinâmica em casos selecionados.
No entanto, as Injeções intravítreas (dentro do globo ocular) de substâncias antiangiogênicas como o Bevacizumabe, Ranibizumabe e o Aflibercepte são na maioria das vezes a primeira escolha. Em muitos casos, além de prevenir evolução da doença, podem melhorar a visão dos pacientes.